Já faz muito tempo que eu venho dizendo isso, mas tá na hora de escrever num cantinho que eu possa chamar de meu.
Seguinte: vamos parar com essa putaria de osso, faz favor. As magrelas e cu doces que me desculpem, mas mulher é como picanha.

O primeiro passo pra apreciação da boa carne é saber a hora exata
de retirar do fogo. Pode pensar a minha leitora - quer dizer que as
mais velhas estão por fora?
Não, eu responderia, nem um pouco; para a idade, pras mais velhas vale a metáfora do vinho, pras mais novas, a da fruta. E antes que o leitor fique por demais ansioso, eu adianto: estamos tratando aqui do tempo que se deve levar para o preparo da refeição - picanha se come mal passada, no máximo ao ponto. Para os que ainda não entenderam, significa nada de enrolação. O fogo aproxima o sabor de todas as carnes, igualando a picanha, o filet mignon ao coxão duro, ao gato; e o gosto da espera se torna superior ao gosto da refeição em si, o que é fator agravante.
Além disso, o que dá o verdadeiro sabor à picanha é aquela capinha de gordura. É permitido que alguns gostem da gordura mais grossa, outros gostem da gordura mais fina, mas a presença do tecido adiposo é obrigatória! Aquele que tem nojo da gordura tem nojo do próprio gosto da carne, e portanto, aqui na nossa metáfora, é equivalente ao vegetariano.
Então, minha querida leitora, esteja avisada: se o seu namorado tem um tesão descontrolado pela
Nicole Kidman, muito cuidado. Você pode acabar surpreendendo o gajo se fartando com carne de soja - aquela, que de longe até engana, mas de perto, ah, o prazer proporcionado é completamente diferente.