Da velhice que se aproxima

Estava eu a pensar em qual seria a próxima entrada neste espaço, para o meu e o seu deleite, caro leitor, enquanto não tão tranqüilamente raspava a minha barba. Naquele momento, divagava eu livremente sobre o próximo assunto, que interessantissimamente se mantém, neste momento em que escrevo, e quem sabe no momento em que você lê, a depender de quão freqüentemente seu interesse por este espaço aflora, o próximo assunto (a saber, uma lista das vilanias de que injustamente me acusam meus orkúticos detratores), quando, buscando um ângulo mais adequado para equilibrar a iluminação adequada da área a ser barbeada, a tenacidade desejada da pele sob os pelos a serem decepados e o reflexo no espelho para que a falta de visão não resultasse em cortes desnecessários e dolorosos, devido justamente ao novo ângulo de visão, noto que acabo de ganhar mais uma característica.

Soma-se a lista de desagrados, que já incluía barriga se protuberando, cabelos nascendo no dedão da mão direita, acentuação da assimetria, gases mais freqüentes, sonoros e odorosos, unhas do pés tortas, sistema digestório facilmente desgastável e estressável, velocidade de reação menor e sono mais frqüente, pelos na orelha. Sim, cara leitora, enfeio-me a medida que envelheço, e não fosse por si só tal situação patética, envelheço em direção ao ridículo. Cabelos na orelha! Pêlos, ortografia antiga para combinar com a antigüidade que, contra minha vontade, meu corpo corre para alcançar.

Ah, nada de serenidade, nada de experiência, nada de sabedoria. Sinto-me pulando do momento logo anterior ao esplendor da juventude para a rabugice casmurra da velhice que antecede o amargo partir, sem aproveitar os sumos mais doces que a vida oferece. Enfim, passo do "ops, foi um pouco rápido, desculpe" direto para o "Meu pau não sobe mais; como que pode uma porra dessas, Bátima?"

6 comentários:

marcela primo disse...

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Ai, quanto drama, rs... o importante é garantir que até os 30 anos alcançará o status de "medalhão".

PS. nem eu tenho 30, ainda ¬¬

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Renata (impermeável a) disse...

voltei ao dia que fiz os "trintã0" e entrei para turma do balzac
Foi ruim e fui direto para o medo da bunda cair...
não morri.. passou... e cheguei aos 34..

fabiana disse...

Eu acho que 'envelhecer em direção ao ridículo' é uma coisa muito comum, beibi! Infelismente!

Quéroul disse...

passei dos trinta, beijos.

Renata (impermeável a) disse...

ah, 34 e passando por um cancêr, isto sim é foda, pode crer!
dificil ter isto e nao achar medo da velhice uma bobeira...

menina_pati disse...

ah parento, deixa de viadagem, vamos deixar a crise existencial para os 35, óqueám?