DIVA

Vamos direto ao assunto. Pra quem ainda não sabia:

- Sim, eu assisto ao Big Brother.

Entretanto, eu devo confessar: faz bem a mim. Não assistir ao programa (assistir reality show não faz bem a ninguém. Aliás, se a pessoa assiste reality show, nada do que ela diz pode ser levado a sério; portanto, para de ler este texto no próximo ponto), mas observar as minhas reações enquanto eu acompanho a televisão e a internet.

Uma coisa que eu já sabia sobre mim é que eu sou preconceituoso e do-contra. Basta que eu ouça três elogios consecutivos a qualquer objeto para que eu instantaneamente comece a procurar seus defeitos. E, vocês sabem, eu não sou muito afeito a provincianismos e interiorismos em geral. Puro preconceito mesmo.

Bom, esta semana eu também percebi que meu ódio a quem adota o r retroflexo como modo de vida queima o fígado mais ou menos como discursos direitosos (hum, assunto para outro post). Bom, antes de continuar, é melhor explicar esse negócio do r retroflexo como modo de vida, porque vai que um lingüista passa por aqui e faça uma leitura que me complique.

Como vocês sabem, é uma característica dos nossos interiores em geral que o r seja pronunciado de maneira que a ponta da língua bata no céu da boca bem lá atrás. E o som sai mais ou menos igual ao r que o pessoal lá de São BeRnaRdo fala em "poRta". Bom, existe uma teoria lingüística que diz que os lugares longe dos centros sociais, políticos e econômicos tendem a desprestigiar inovações no campo da fala. E é por isso que se acredita que o poRtuguês falado aqui no Brasil é mais parecido com o poRtuguês de 1500 do que o português atualmente falado em Portugal.

Enfim, os lugares mais afastados dos centros políticos e culturais não são afeitos a mudanças lingüísticas por pura coincidência; estes lugares em geral são pouco afeitos a qualquer tipo de mudança, especialmente as culturais. E, veja bem, isto é um outro parágrafo, portanto eu estou assumindo responsabilidade total a partir daqui. Tome muito cuidado, minha leitora, quando for para um lugar em que o r retroflexo come solto, e mantenha um pé atrás quando você encontrar alguém que bota a ponta da língua lá atrás pra falaR. Claro que há exceções, mas é caso de se ouvir aquele velho ditado: o pessimista é feliz duas vezes. Por mais que a cidade, ou a pessoa, pareça moderna, cool, hip, ou qualquer outro destes termos horríveis que existem para descrever as tendências dos nossos centros urbanos, o que paira atrás do véu é puro conseRvadorismo.

Eu não me surpreenderia nem um pouco - e até daria um sorriso de porco - se daqui a um ano, quem foi escolhida como ícone de tudo aquilo que é livre, de pessoa que faz o que se lhe dá nas idéias, encontrasse-se casada, barriguda, quieta e totalmente obediente ao marido a quem lhe entregou seu milionário prêmio, exatamente como fazem aquelas meninas dadeirinhas e beberronas de cidade pequena, que dão trabalho aos pais, para usar expressão que eu ouço muito no eixo São BeRnaRdo - Bom Jesus dos PeRdões - VaRgem Grande Paulista, mas tomam juízo depois que casam.

Esta postagem é dedicada à minha terrinha.

Um comentário:

Quéroul disse...

pra quem é muito assistidor de BBB e nem um pouco esperançoso com aquela gente, dá pra sacar que a mocinha divinosa já está há tempos longe dessa divinéia toda.


aliás, 1 milhão pra quê se o objetivo era marido?

Emi, divulga mais teu blog novo, vá. é legais!