Quase lá

Bom, caros leitores, alguns de vocês devem ter notado a falta de atualização deste blog. Garanto-lhes, não escrevi antes por dois motivos justíssimos. O primeiro deles é que se me acometeu doença, embora não gravíssima, fortíssima, daquelas de, como dizia minha vó nos tempos em que ela ainda dizia algo de relevante e são, botar os bofes para fora; o segundo é que tive muita preguiça.

Devo dizer, também, que houve um terceiro motivo: quando comecei a digitar o texto anteontem, acabou a luz. Isso tira a vontade de escrever de qualquer um, vocês sabem. Equivale ao "eu quero que você me fode". Não dá, não dá, pára tudo e volta só amanhã.

Mas passado o mal-estar, espantada a preguiça¹ e recuperada a energia, encontramo-nos mais uma vez para continuar o relato de minhas férias em Salvador. O leitor mais perspicaz deve ter notado que o espaço da narrativa nem chegou perto de onde deveria ainda.

Sábado, 10 de janeiro.

Bem, deve a leitora de melhor memória se lembrar de como eu planejei e arrumei minha mala duas vezes muito antes da véspera da viagem. Lembro-a de que inclusive as roupas usadas nas semanas anteriores foram planejadas de acordo com a proximidade da viagem. Portanto, não é difícil, nem para o menos empata de vocês, imaginar a mistura de sentimentos que explodiu dentro do meu fígado ao ouvir, sábado de manhã, dia da viagem, Frê perguntando "alguém viu meu chinelo por aí?"


Assim como eu, meu irmão decidiu que fazer a mala na véspera era uma bobagem. Ao contrário de mim, ele achou que seria muito mais fácil arrumá-la no dia da viagem, meia hora antes de sair de casa. No mais, foi uma manhã agradabilíssima, com Frê nervoso porque não achava seus pertences, dona Ligia culpando Frê por sua falta de sono noite anterior, Emiliano nervoso porque já tinha deixado tudo pronto e não queria aquela demora, e dona Dedé nervosa, porque quando vocês não estão olhando ela fica brava.

Colocamos tudo no carro e dirigimo-nos para a casa de minha tia, onde deixaríamos minha avó e trocaríamos de motorista: minha prima nos levaria até o aeroporto. E tudo saiu conforme o planejado, salvo o check-in estar marcado para as dez horas, e às mesmas dez horas minha prima girava a chave para dar partida no carro. Isso mesmo, estávamos uma hora atrasados. Meu fígado já tinha virado geléia, vocês podem imaginar. Eu quase chorava por dentro, e por fora com certeza tremia. E em minha cabeça, eu me perguntava "Meu deus, uma hora de atraso. Como foi que fodeu tanto?".

Se eu soubesse o que viria a seguir, não teria ficado nem um pouco nervoso: não pegamos trânsito, nenhum, chegamos por volta de onze e quinze, pesamos as malas, passamos pelo detector de metal tranqüilamente², e assim que chegamos ao portão de embarque, ele se abriu e nós pudemos pegar o avião. Sim, cara leitora com muitas horas de vôo! Eu me esquecera que as companhias mandam você chegar duas horas mais cedo para lhe proporcionar o prazer da espera no portão de embarque, e foi isso que salvou minha vida.

Após duas horas de vôo, que contou como uma só, finalmente chegamos: Salvador!
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1. "Cacete, 100 canais na televisão e nada que preste. O que é que eu vou fazer enquanto The Mentalist não começa?"

2. Eu planejei inclusive com que roupa iria pegar o avião. Ora, se eu pousaria num dos estados mais quentes do país, nada mais lógico que já embarcar de bermuda. Bom, como eu sou um pouco magro, faz-se nescessário que algumas de minhas bermudas sejam acompanhadas de cinto. E a fivela faz o detector de metal apitar. Claro, como eu queria passar o mais rápido possível e ir logo para o portão de embarque, o cinto prendeu no passador e não saía de jeito nenhum. "Ahá, mas a fivela é destacável", lembrei-me. Destacável e enferrujada. Fiquei cinco minutos tentando tirar a desgraçada, e, para ficar com as duas mãos livres e completar a tarefa com mais facilidade, deixei o cartão de embarque com a moça do raio x. Claro que eu esqueci disso -- de tão feliz que fiquei quando finalmente passei pelo detector de metal sem apitar --, e só fui perceber que estava sem o cartão quando já me sentava pra esperar o portão abrir.

2 comentários:

Quéroul disse...

ai, salvador num chega NUNCA!

très julie disse...

né? eu aqui, nervosa, esperando minha apoteótica-porém-memorável participação nestas férias!
(avisa pro frê que eu já deixei pra arrumar a mala no dia de viajar várias vezes, porque odeio fazer mala, então preferia acordar mais cedo e fazer isso no dia. mas isso porque estava vindo pra casa da mamãe, o lugar mágico onde tudo o que você precisar, pode comprar no shopping perto ou pegar emprestado da irmã, de forma que não recomendo para quando você vai pra um lugar sem estas facilidades)