E agora, um pouco de misoginia

Seria aconselhável à leitora deixar a postagem de hoje para lá. Nem se aperceber dela, esperar logo a de depois de amanhã; ou entender que esta não é uma entrada pessoal, é só um desabafo, desses que nós leitoros e escritoros fazemos nas mesas dos botecos sujos que freqüentamos; ou, no máximo, faz parte do meu objetivo de ofender o máximo de pessoas possível, e portanto, é tudo muito genérico e jocoso. Mas uma vez que eu fiz todos os avisos e pedi todas as desculpas, nós sabemos muito bem que as leitoras lerão avidamente até o final, e se amontoarão para deixar comentários furibundos.

Enfim, esta semana eu fiquei sabendo da estória de um amigo (eu sei, deveria ter um link pro blog dele, mas não me culpem, o desgraçado é um deletador profissional de blogs. E não, eu nunca vou te perdoar pelo jamaican water) que, para agradar a namorada, acompanhou-a ao videokê. Você, meu caro leitor, já deve ter feito algo do gênero. Você não gosta do lugar, não gosta do que acontece lá, sabe que não vai se divertir, mas leva a namorada, porque não custa nada fazer um agrado, porque a felicidade dela é mais importante do que tudo, porque... tá bom, parei de zoar. Porque existe a possibilidade de na volta ela o recompensar com um boquete cuidadosa e longamente executado. Sim, minha ingênua leitora que nem deveria estar lendo isso. É só por isso que seu namorado aceita tudo que você propõe: é esta pequena esperança que move a todos nós. Não houvesse, não faríamos nem trinta por cento dos passeios propostos. Agora que a senhora já sabe, por favor aumente o número de recompensa pra muito mais que os míseros três por cento padrão.

Bom, como é de praxe neste tipo de evento, não pode o herói do nosso causo se esquivar de cantar. Já que o estupro era inevitável, ele resolveu que o melhor era gozar, e após um longo exame da lista de possibilidades, encontrou uma canção do Elvis entre as opções. E cantou bem, cantou sem má vontade, e todas as tiazonas do videokê gostaram e aplaudiram. O nosso herói pode se sentar, e esperar para colher os da vitória. Enquanto estava no seu, agora, trono, as recém conquistadas súditas passavam, elogiavam, pediam mais Elvis (aparentemente, ninguém canta as músicas dele nos videokês da vida).

Qual foi a recompensa do garboso cantor? Uma bronca, uma terrível bronca. Afinal, ele não queria ter ido, ele não gostava e não gosta de videoke, o sucesso arrebatador foi claramente uma artimanha para estragar a noite agradável que a nossa heroína passaria.

E isso tudo me faz lembrar das palavras do poeta: Para nós, homens, é impossível ganhar uma discussão quando nós discutimos com nossas mulheres. Nós temos uma necessidade -- e como é toda necessidade, uma fraqueza -- que elas não têm. Nós temos a necessidade de fazer sentido.

5 comentários:

Quéroul disse...

punheta tá aí pra isso.
né?

fabiana disse...

Eu me sentiria orgulhosa do meu namorado cantando Elvis, mas, enfim...

'punheta tá aí pra isso.
né? '[2]

très julie disse...

oxe!
vou te falar, essas coisas que você atribui ao sexo feminino não são questão de gênero. são questão de pessoa! ou você acha que eu ou várias meninas que você conhece teria uma reação assim?

Emil disse...

Não, claro que não, Julie!

Mas cada uma sabe por onde a loucura escapa!

V.D.S. disse...

Esses rapazes de Seattle são todos cinzas demais mesmo.